Resumo da primeira parte do capítulo 19 do livro didático Iniciação à Filosofia de Marilena Chauí.
A palavra metafísica não fora utilizada pelos filósofos gregos. Ela foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C. quando recolhia e classificava as obras de Aristóteles. Dentre os textos, havia um conjunto sem uma classificação precisa, que o organizador marcou com a sentença tà meta tà physica. Aristóteles os havia designado de filosofia primeira e se tratava do estudo do “Ser enquanto Ser”. Estes textos foram supostos mais importantes e foram designados como metafísica. Mais tarde, no século XVII, Jacobus Thomasius, considerou que a palavra correta para designar os estudos da metafísica ou Filosofia primeira seria ontologia. Onto vem de tò, que significa “o Ser”. O Ser é o que é realmente e se opõe ao que parece ser, à aparência. Assim ontologia significa estudo ou conhecimento do Ser, dos entes ou das coisas tais como são em si mesmas, correspondendo ao que Aristóteles chamara de Filosofia promeira, isto é, o Estudo do Ser enquanto Ser.
Do exposto, evidencia-se que os termos metafísica e ontologia se equivalem no significado, pois se referem ao estudo do “Ser” ou da identidade daquilo que existe.
Existência e essência da realidade em seus múltiplos aspectos são, assim, os temas principais da metafísica.
Três são os períodos da metafísica ou ontologia:
1- de Platão e Aristóteles (séculos IV e II a.C.) até Hume (século XVIII d.C);
2- de Kant (século XVIII) até a fenomenologia de Husserl (século XX);
3- metafísica ou ontologia contemporânea, a partir dos anos 1920.
Parmênides de Eleia
Parmênides de Eleia é o primeiro pensador a discutir a questão do Ser. Para ele o Ser é, ou seja, o Ser é sempre idêntico a si mesmo, imutável, eterno, imperecível, invisível aos nossos sentidos e visível apenas para o pensamento. Para Parmênides, não é possível pensar o não Ser, pois ele não existe.
Platão
Platão concordava com Parmênides na sua definição do Ser, porém discordava da ideia de não se poder pensar o não Ser. Para Platão, com essa atitude, se encerraria o processo do pensamento e da busca da verdade, uma vez que o não Ser não se poderia ser pensado. Ao contrário, para o filósofo, o não Ser é a aparência do Ser.
No entanto, as duas realidades de Ser e não Ser não são compatíveis. Por isso, Platão cria a teoria do mundo das essências, ou mundo do Ser. Para o filósofo, há dois mundos, o mundo sensível, captado pelos sentidos, e o mundo inteligível ou mundo das ideias, captado pelo intelecto. O Ser, que é imutável, eterno e perfeitio, portanto verdadeiro, está no mundo das ideias; enquanto que o não Ser, ou seja, o que parece, o ilusório, o confuso, pertence a realidade sensível, justamente daquela em que nós enquanto carnais, fazemos parte.
Para Platão, conhecer é captar a essência do Ser, isto é, ter acesso ao mundo das ideias através do intelecto mediante a dialética (eliminar contradições para se ter uma única ideia sobre o que se investiga).
Veja também: A metafísica de Aristóteles: a hierarquia dos seres
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