29/5/2020
O ser humano é um ser comunicacional, isto é, depende da linguagem e da troca de informações para ser o que é e se desenvolver.
Por linguagem se entende os meios pelos quais a comunicação acontece. São muitos os tipos de linguagem, estando aí a divisão entre linguagens verbais e não verbais.
É oportuno frisar que o objetivo da linguagem é favorecer a comunicação. Por comunicação se entende a troca de informações entre os sujeitos envolvidos: o emissor e o receptor. Uma boa comunicação é aquela que se aproxima do que é verdadeiro, isto é, há entre os interlocutores fidelidade no que se comunica.
Para favorecer essa comunicação, descobriu-se a importância do raciocínio na linguagem verbal. O raciocínio é uma propriedade do intelecto e sua descoberta favoreceu o surgimento da filosofia pelos gregos da antiguidade.
Raciocinar é emitir juízos com uma certa coerência a fim de justificar o que se quer concluir, é fazer inferências. O raciocínio então é argumentação.
São dois os principais tipos de raciocínio: o dedutivo e o indutivo. A dedução é um tipo de raciocínio pelo qual chegamos a conclusões particulares a partir de juízos universais. Já a indução é uma forma de raciocínio que faz o caminho inverso ao da dedução. Na indução, obtém-se uma conclusão geral a partir de juízos particulares.
Exemplo de dedução: Tudo o que contém açúcar é energético. O chocolate contém açúcar. Logo, o chocolate é energético.
Exemplo de indução: O ferro é metal e dilata com o calor, o cobre é metal e dilata com o calor, o alumínio é metal e dilata com o calor, o ouro é metal e dilata com o calor... Logo, todo metal dilata com o calor.
De fato, a filosofia instiga nas pessoas a arte da argumentação. Enfatiza que toda comunicação precisa estar bem embasada, isto é, é preciso justificar o que se conclui.
O filósofo grego Aristóteles é conhecido como o sistematizador da lógica formal. Aristóteles desenvolve a lógica como uma disciplina filosófica e como uma ferramenta para o pensamento racional e científico.
São características da lógica aristotélica:
- Ela é propedêutica: é a primeira coisa que o intelectual tem que saber antes de se aventurar na busca do conhecimento;
- Ela é instrumental: oferece instrumentos, ferramentas, para o raciocínio;
- Ela é normativa: estabelece normas e regras para o bem pensar;
- Ela é formal: se preocupa com as formas do raciocínio e não exatamente com seus conteúdos.
Alógica formal, portanto, se ocupa dos princípios e das regras da argumentação em seus aspectos formais, sem atentar para seu conteúdo.
A lógica formal parte de três princípios:
1- princípio de identidade: o que é é;
2- princípio de não contradição: o que é não pode ao mesmo tempo não ser;
3- princípio do terceiro excluído: algo é verdadeiro ou é falso, não há uma outra possibilidade.
Segundo Aristóteles, um raciocínio pode ser válido ou inválido e cabe a Lógica, como disciplina filosófica, estabelecer os critérios para esta validade. Nesse sentido, o filósofo estabelece uma série de regras que precisam ser obedecidas para que o raciocínio possa ser considerado válido e, portanto, usado na comunicação.
O raciocínio aristotélico, então, é aquele composto por proposições dentro deu ma estrutura definida ao qual ele dá o nome de silogismo.
O silogismo aristotélico possui a seguinte estrutura:
- Premissa maior (Proposição que contém o termo maior) -- Todo homem é mortal.
- Premissa menor (Proposição que contém o termo menor) -- Sócrates é homem.
- Conclusão (contém os dois termos, o menor e o maior) --- Logo, Sócrates é mortal.
Assim um silogismo ou raciocínio aristotélico é composto de três proposições ou juízos; as proposições ou juízos são compostas por termos, os quais designamos como conceitos ou ideias.
Exemplo:
Todos os pássaros têm asas. --> É uma proposição. Pássaro e asa são conceitos ou ideias interligados por um verbo de ligação. Um encadeamento de proposições, dos quais se estabelecem inferência formam o raciocínio ou o silogismo (Todos os pássaros tem asas. O bem-te-vi é um pássaro. Logo, o bem-te-vi tem asas.)
Observe que as proposições se dão a partir de conjuntos, onde há predicações em relação a sujeitos. Essas predicações são atribuições que podem ser afirmativas ou negativas. Assim quando se diz que os bem-te-vis são pássaros se afirma que eles fazem parte do conjunto de pássaros. Ou que as aranhas não são pássaros, negamos que o sujeito faça parte desse conjunto que são os pássaros. Assim as proposições possuem relações entre si que podem ser visualizadas no quadro a seguir:
Aproveite e observe a simbolização das proposições (A, E, I, O).
São vários os tipos de proposições, que são estabelecidos a partir dos quantificadores (todos, alguns, nenhum, este, aquele, etc) e qualificadores (afirmação ou negação). Assim as proposições podem ser:
- Universal e afirmativa (Todo homem é mortal - A)
- Universal e negativa (Nenhum homem é mortal - E)
- Particular e afirmativa (Alguns homens são mortais - I)
- Particular e negativa (Alguns homens não são mortais - O)
- Singular e afirmativa (João é mortal - A)
- Singular e negativa (João não é mortal - E)
São oito as regras do silogismo aristotélico, sendo quatro regras relativa aos termos e quatro relativa às premissas:
- Regras relativas aos termos:
1- Um silogismo deve conter os três termos: maior, menor e médio;
2- O termo médio deve aparecer nas duas premissas, mas não na conclusão;
3- Nenhum termo poderá ser mais extenso na conclusão do que nas premissas;
4- O termo médio deve ser universal pelo menos uma vez.
- Regras relativas às premissas:
1- De duas premissas negativas, nada se pode concluir;
2- De duas premissas particulares, nada se pode concluir;
3- Duas premissas afirmativas devem ter a conclusão afirmativa;
4- A conclusão sempre acompanha a premissa mais fraca (negativa, particular, afirmativa, universal).
Quando as regras do silogismo não são obedecidas dizemos que se comete falácia ou falso raciocínio. E que por isso devem ser evitadas por aqueles que se aventuram na divulgação de conhecimentos e informações.
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