9/5/2020
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Ora ou outra o professor do Ensino Médio se depara com a pergunta "Por que estudar filosofia?". Há nessa indagação certo desconforto com a nova disciplina do currículo por lhes parecer inútil. Na atualidade, nota-se e compreende-se a pouca disposição para uma disciplina voltada para a reflexão. Vivemos em um mundo "do aqui e agora", do imediatismo, da praticidade e pautado nos valores do capital, ou seja, do dinheiro. Este mundo pragmático é dominado pela imagem, pelo efêmero e pela velocidade e é voltado para soluções imediatistas. Acrescentemos a esse quadro o fascínio que o mundo virtual exerce sobre as pessoas, principalmente sobre as novas gerações. E não sem razão. A web nos abre portas para inúmeras possibilidades de informação, entretenimento e interação e para o contato direto com amigos e desconhecidos, numa verdadeira revolução - a revolução digital -, a que assistimos diariamente e da qual participamos a cada novo recurso tecnológico colocado à nossa disposição.
Por outro lado, em que pesem essas características dos novos tempos, que poderiam espelhar o desprezo pela filosofia, temos percebido um crescente interesse pelo debate filosófico. Nem sempre de modo explícito mas subjacente, implícito, ao questionamento cotdidiano de questões políticas, éticas e estéticas. Por exemplo, oconfronto entre os países democráticos e os submetidos a tiranias locais ou religiosas certamente desperta discussões em torno do que é certo ou errado na política; a celeuma (discussões) em torno da legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da eutanásica circula pela mídia e torna-se assunto nas redes sociais, criando controvérsias de natureza ética.
Contudo, é um desafio atrair os jovens para a experiência conceitual da filosofia. Há um estranhamento inicial com a nova disciplina cujo conteúdo e metodologia lhes são desconhecidos e dos quais se desconhece a "utilidade". Mas será justamente a riqueza dessa informação diária, desconhecida, mas presente, a que estão submetidos que vai constituir o solo em que poderão ser contextualizados inúmeros temas para tornar explícita a argumentação de natureza filosófica.
O olhar filosófico poderia ser desenvolvido por qualquer ser humano, independente de qual será sua futura profissão ou seu modo de vida, desde que lhe seja oferecida oportunidade. Portanto, eis o desafio do professor de filosofia do Ensino Médio.
Adaptado de Arruda Aranha e Pires Martins
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