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9/5/2020
Por: Professor Pina

Dimensões da ética e da moral contemporâneas

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A ética e a moral são constitutivas do ser humano, por isso são construídas.

De Sócrates, herdamos a concepção intelectualista (conhecimento das virtudes) e de Aristóteles, a concepção voluntarista (foco na capacidade de escolha). Ambas são racionalistas.

O cristianismo introduziu a ideia do dever e da obrigação para com a Lei Divina. O ser humano é incapaz de ser ético, portanto, moral sozinho, ele depende da graça de Deus. Com isso, anula-se a liberdade do indivíduo.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e Immanuel Kant (1724-1804) tentam resolver o problema afirmando que a vida ética e moral encontram-se no interior de cada um. Para Rousseau, no coração e para Kant na razão. E quando descobertas pela razão devem ser obedecidas, ou seja, colocadas em prática.

Baruch Espinosa (1632-1677) contribui com a moral da afetividade. Somos seres que nos afetamos, provocamos emoções, sentimentos, paixões uns nos outros. Estes afetos provocam desejos, vontades, que podem ser alegres ou tristes. Devemos evitar ser dominados pelas paixões, pelos afetos. A razão precisa filtrar e analisar as conseqüências das possíveis escolhas para que possamos ser éticos/morais. Para o filósofo, não existe o mal ou o bem. O que existe são escolhas que podem ter como conseqüências tristeza ou alegria.

Toda essa concepção racionalista e também religiosa/cristã será questionada na contemporaneidade. Mencionaremos três pensadores neste resumo: Nietzsche, Marx e Freud.

Friedrich Nietzsche (1844-1900) inaugura a ética do desejo. Quando todas as concepções até então reprimiam o desejo, o filósofo diz que é preciso deixar ser guiados por eles, sem medo de nada, nem de ninguém. Precisamos ser como as crianças que simplesmente vivem seus desejos e vontades, dessa forma seremos grandes e fortes acima do bem e do mal. Nietzsche propõe a negação do cristianismo e da moral racionalista, justamente porque estas anulam toda a vontade e desejos do ser humano.

Nietzsche propõe o niilismo (a negação de todos os valores ocidentais – racionalistas e cristãos) para que novos valores baseados no desejo e na liberdade surjam valorizando o humano e sua capacidade.

Karl Marx (1818-1883) contribui afirmando que nenhuma ética traria seu propósito se não houvesse uma revolução social. Ou seja, em uma sociedade desigual e injusta, onde uns tem muito e outros tem quase nada é impossível ter a prática da ética. A justiça social é fundamental para que tenhamos uma verdadeira ética e consequêntemente uma moral autentica.

Karl Marx propõe a revolução socialista que porá fim ao capitalismo e a toda forma de desigualdade e injustiça social (a ética da partilha e da comunhão).

Sigmund Freud (1856-1939) é o criador da psicanálise e o descobridor do inconsciente. Ele afirma que o ser humano não consegue fazer escolhas, tomar decisões de forma verdadeiramente consciente, pois ele é dominado por impulsos e desejos inconscientes, que como tais são desconhecidos do próprio indivíduo. Também traz a problemática do comprometimento da consciência responsável, base fundamental da ética e da moral.

Sigmund Freud descobre o inconsciente e afirma que o ser humano não é somente racional, pois é muito mais movido pelo inconsciente do que pelo consciente. E neste sentido, fica difícil ter a prática da ética, pois outras moções nos envolvem além do nosso controle. Ele afirma que a humanidade de forma geral está neurótica (doentia mentalmente) e que a causa principal é religiosa, pois a religião é extremamente repressiva, especialmente nas questões sexuais. Para Freud, o ser humano é movido principalmente pelos desejos e vontades oriundos da sexualidade ou do sexo.

Vale ressaltar que estes três pensadores Nietzsche, Marx e Freud são críticos da religião. Para eles a religião é muito mais causa de opressão, domínio e frustração do que norteadora de uma ética eficaz.

 

Os pensadores contemporâneos chegam à conclusão de que, no estabelecimento de uma ética eficaz:

- a razão/racionalidade falhou;

- a religião/religiões falhou;

- os sistemas políticos, com suas leis e decretos, falharam;

Destacamos então uma instabilidade ética contemporânea.

Afirmam que:

- O ser humano é contraditório. Tem desejos e vontades, mas os reprimem. Quer ser livre e independente, mas não tolera e não consegue conviver com o diferente. Criam sistemas (políticos, econômicos, religiosos...) que depois os escravizam e os ameaçam. Sabemos que somos limitados e finitos, mas nos comportamos como se não o fossemos.

O grande desafio da atualidade: como estabelecer uma ética que possibilite uma boa convivência humana em âmbito local e mundial?

Para complementar os estudos: A ética para Michel Foucault (1926-1984) e Jürgen Habermas (1929)

Referência: CHAUI, Marilena. Iniciação à Filosofia. São Paulo: Ática, 2013.

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